sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

O dia do Curinga - Jostein Gaarder

Uma certa vez, quando eu trabalhava em uma loja de presentes, uma mulher me abordou com a seguinte pergunta:
- Moça, aqui tem baralho? Coleciono cartas de Curinga.
Aquilo me intrigou e logo perguntei a cliente o que levou a colecionar as tais cartas. Foi então que ela disse que havia lido um livro, chamado, O dia do Curinga, e desde então  vivia em busca de baralhos em que retratava o personagem Curinga de várias formas. 

Folhas amareladas / 340 páginas 


Fui lá eu, comprar o livro que fez essa mulher ficar louca pelas cartas...

Síntese básica do livro: 
Fácil leitura, diálogos bem desenvolvidos, de excelente narração, 100% fantasia, os cenários da história são maravilhosos.

O livro começa com os nomes das cartas em cada capítulo: Ás de espadas... Nove de ouro... Dama de copas...
Cada Carta corresponde um dia do ano, sendo o dia 29 de cada ano bissexto comemorado o dia do Curinga (teoria do livro). 
A narrativa da história é de um garoto chamado Hans-Thomas que cruza a Europa, Noruega até a Grécia com seu pai, a procura de uma mulher que os deixou  à oito anos fugindo para Atenas. No meio da viagem um livro misterioso aparece cheio de fantasias, segredos e enigmas em que Thomas se envolve e vive a cada nova página lida.
Gaarder, desenvolve nas cartas de baralho suas características, fazendo-as reviver entre nós, em cada pessoa que conhecemos, marcando a leitura para sempre.

Diálogos favoritos: 
"Meu conselho para todos os que querem se encontrar é continuarem bem onde estão. Do contrário, é grande o risco de se perderem para sempre." 

"A vida é uma loteria gigante, da qual só se veem os ganhadores."

"Acho que o universo é fruto de uma vontade. Um dia você verá que por detrás de todas essas miríades de estrelas e galáxias oculta-se uma intenção."

"Quando não se sabe pensar, o que se diz também não faz muito sentido."


"Vivemos nossas vidas num incrível mundo de aventuras, pensei. Apesar disso, a grande maioria das pessoas considera tudo isso "normal". Em compensação, vivem em busca de algo fora do normal: anjos ou então marcianos. E isso se explica pelo simples fato de que elas não consideram um enigma o mundo em que vivem. Para mim a coisa era completamente diferente. Para mim, o mundo era um sonho muito estranho, e eu vivia em busca de uma explicação racional qualquer para esse sonho."

" - Se nosso cérebro fosse tão simples a ponto de podermos entendê-lo - disse ele, e fez uma pausa -, seríamos tão tolos que continuaríamos sem entendê-lo."

"Interessar-se pela questão de saber quem somos e de onde vem o mundo é um hobby tão raro que praticamente nos isola de todo o resto."

"E se o mundo é um número de mágicas, então deve existir um mágico. Espero que um dia eu consiga desvendar esse truque. Mas não é fácil desvendar um truque de mágica, se o mágico que o realiza nem se quer se mostra no palco."

" - Certa vez, um cosmonauta russo e uma neurocirurgião, também russo, discutiam sobre o cristianismo. O neurocirurgião era cristão, o cosmonauta não era. "Já viajei muitas vezes para o espaço sideral!, gabou-se o cosmonauta, "mas nunca vi nenhum anjo". O neurocirurgião primeiro ficou olhando para ele; depois disse: "E eu já operei muitos cérebros inteligentes, mas nunca vi um pensamento."

"Pois quando a gente entende que não entende alguma coisa é que a gente está prestes a entender tudo..."

"Não há lugar onde possamos nos esconder para escapar do tempo."

"O tempo não passa, Hans-Thomas, e não é um relógio. Nós passamos e são os nossos relógios que fazem tique-taque... O tempo mastiga, mastiga... e somos nós que estamos no meio de seus dentes."

"Podemos dizer, de braços abertos, que existimos. Mas logo somos colocados de lado e enfiados no saco das trevas da história. Pois somos criaturas sem retorno."

"O pensamento não pode ser levado, Han-Thomas."
______________

Entre tantos outros diálogos maravilhosos...
Vale a pena ler!